Uma descrição menos adocicada do Jantar dos Chapéus

Meus amores, vocês devem ter notado que Hildezinha está completamente de bem com a vida. Mas também não tenho sangue de barata. Confiando nas informações que me foram passada por uma santa alma, que deveria estar no Céu, e não nesta Terra cheia de defeitos, publiquei o relato “cor de rosa” sobre um jantar branco, de chapéus, em que na verdade a coisa esteve preta

Transcrevo, abaixo, o relato bem mais realista de um dos convidados, que me foi enviado por email, e que me foi confirmado por outras pessoas presentes ao evento…

“Hilde, não posso deixar passar em branco a afronta que sofreu a sociedade carioca. O jornalista português Abel Nunes (Nota da Jornalista: não é Nunes, é Dias), que também se intitula colunista da revista Caras de Portugal, até então desconhecido para a maioria, resolveu fazer uma festa no Hotel Pestana, em Copacabana…

“Com o tema CHAPÉUS, evento que já teria feito em Lisboa, ele pediu aos convidados que usassem roupas e chapéus “diferentes” – homens com roupa colorida e chapéu. As mulheres, de branco e chapéu diferente, extravagante. Convidou duas socialites e foram a um programa de grande audiência da TV anunciar a festa. Uma delas, perguntada sobre o estranho tema, disse no ar, entre outras coisas, que, por etiqueta, chapéus não são usados à noite, no máximo até cinco horas da tarde, e não entendia um jantar com uso de chapéus. O anfitrião, que estava presente, ficou furioso…

“Sexta feira, os convidados chegaram no horário (20 horas), a maioria usando chapéus, e ficaram esperando no lobby do hotel até 20,30hs, quando foi autorizada a subida ao restaurante. Pasmem: na sala que antecede o restaurante, o próprio jornalista português estava sentado na frente de uma mesinha, relação de convidados e lápis na mão, cobrando de cada um que estava na fila enorme, que se formou, R$ 85 pelo jantar – havia sido antes comunicado o valor de R$ 80…

“Conferência, demora, justificativas, reclamações, que todos escutavam, impaciência do anfitrião, dinheiro espalhado pela mesa (só recebia se fosse em espécie), que amassava e colocava dinheiro nos bolsos, tirava troco amassado dos bolsos, deixava cair dinheiro no chão etc. etc….

“Depois de se explicarem com o Caixa, os convidados seguiam para outro espaço, em que era servido um “cocktail” – cerveja, água e refrigerantes quentes e uns appetizers de latinha (amendoim, batatinhas e coisas do gênero) – onde se formou outra grande fila para se entrar no salão…

“A essa altura, os convidados já se mostravam impacientes, alguns até se retiraram deixando os R$ 85 para trás. As portas foram abertas depois das 21hs e, algum tempo depois, já sem o dinheiro caindo dos bolsos e sem a relação de nomes na mão, o jornalista português foi ao microfone pedir que todos se sentassem e se calassem – as palavras foram essas, e o silêncio pela grosseria foi geral e imediato…

“Após algumas palavras, ele deu instrução para que, após 5 minutos (?!), as senhoras presentes levantassem “os rabinhos”, corrigindo em seguida para “as bundinhas”, e se dirigissem ao buffet para se servirem (quando as iguarias quentes já estavam frias).”

Terminada acima a transcrição do email, agora prossigo eu:

Nenhuma das inconveniências relatadas se compara, no entanto, à maneira como foram recebidas duas senhoras que estavam sem chapéus. Depois de ouvirem um carão, diante de fotógrafos e demais convidados, do tipo “sem chapéu não podem ficar na minha festa”, uma delas, a contragosto, ainda teve um chapéu “enfiado” por ele por sua cabeça abaixo. Educadas, as duas senhoras, uma delas acompanhada do marido, entraram, pagaram, cumprimentaram os amigos e foram embora, prometendo nunca mais aceitar convite para um jantar temático do jornalista português…

Quem eram as duas senhoras bem educadas? Ora, meus amores, o que vocês me perguntam que eu não respondo? Eram nossas amigas, que vocês sempre encontram aqui, a juíza Alda Soares e a decoradora Christina Lips

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