“Senador Caxias” faz 80 anos e reescreve sua própria história em entrevista

Foi uma apoteose de admiração, o almoço dos 80 anos, hoje, do ex-prefeito do Rio e ex-senador , Roberto Saturnino Braga, no Clube de Engenharia, no Centro do Rio de Janeiro. Considerado, unanimemente, uma reserva ética da política brasileira, da qual infelizmente se afastou, Saturnino mereceu homenagem à altura de sua biografia. Um dos bravos lutadores pela retomada da democracia no país, Saturnino foi saudado por Luiz Edmundo Horta Barbosa, sub-secretário de Ciência e Tecnologia do Estado, pelo secretário municipal de Habitação, Jorge Bittar, pelo presidente do Crea, Agostinho Guerreiro, pelo presidente do Clube de Engenharia, que promoveu a homenagem. Salão lotado, aplausos e muita emoção. Saturnino hoje se dedica à literatura…

Saturnino, que bem faz jus ao título de “Senador Caxias”, aquele político incorruptível da novela Rei do gado, vivido por Carlos Vereza, foi o primeiro prefeito eleito do Rio, em 1985, depois da ditadura. Sua administração foi considerada um fracasso e ele saiu com a pecha de incompetente. Sobre isso, ele teve a oportunidade de falar, na excelente entrevista que deu à repórter Cynara Menezes, na penúltima edição da revista Carta Capital, nº 666. Quando ela perguntou se ele se arrependia de ter decretado a falência do Rio, Saturnino esclareceu:

“Naquelas circunstâncias, não. Quando assumi, a prefeitura estava falida. Não fiz mais do que decretar uma verdade que estava escondida. O Rio era estruturalmente falido até que a Constituição de 1988 restabeleceu as receitas municipais, o que entrou em vigor em 1º de janeiro de 1989, justamente quando saí. Aí disseram que o Marcello Alencar tirou o Rio da falência. Claro, as receitas do Rio triplicaram em valor real. Mas eu saí com a pecha de incompetente”.

Um importante relato de quem foi tão desprezado e injustiçado naqueles anos, quando, segundo conta na mesma matéria, “ninguém falava, um ou outro jogava uma piadinha, mas, pelo olhar das pessoas, a severidade, eu percebia o julgamento, de incompetência, do cara que tinha criado uma esperança enorme e jogou tudo pelo alto, o desprezo das pessoas, não sei como não tive um infarto”. Na ocasião, não foi dada a Saturnino qualquer chance de se colocar diante da população que o elegeu. Só havia espaço na imprensa para a condenação e o ataque. A ponto de Millôr Fernandes chegar a dizer que Saturnino “desmoralizou a honradez”…

 

Uma ideia sobre ““Senador Caxias” faz 80 anos e reescreve sua própria história em entrevista

  1. Acho que o caso do então Prefeito Roberto Saturnino é semelhante ao de Fernando Henrique Cardoso que também deixou o governo “queimadíssimo” e até também com a suposição de “incompetente” e que “vendeu as estatais do Brasil a preço de banana”. A história nos dois casos haverá de,amanhã,fazer justiça com os dois homens públicos honrados,sérios e trabalhadores.

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