“Rixa SP x RJ é fútil e contraproducente para a construção de uma nação importante”

A propósito do post, ontem, aqui, comentando o confronto São Paulo x Rio, que nada acrescenta, e que a nada leva, ou melhor, que leva, sim, ao esvaziamento cada vez mais acentuado do Rio, num estica-e-puxa desigual e sem sentido, e um dos muitos setores atingidos é o mercado das artes plásticas, recebi, entre emails outros, este que abaixo transcrevo…

“Querida Hilde,

Bom dia,

Muito oportunas suas palavras sobre a insistência de uma supremacia da presença de São Paulo na cultura do país. Esta rixa, fútil e contraproducente para a construção de uma nação importante, agora se polariza no âmbito da arte. Mesmo que alguns tenham sua principal galeria em SP, é no Rio que estão todos os maiores artistas, historicamente e  internacionalmente falando.  Pense em Cildo, Milhazes, Varejão, Vik, Waltércio, Antonio Dias, Ernesto Neto, Leirner, Palatnik, Maiolino, Iole, os neoconcretos e uma lista interminável que inclui Camargo, Oiticica, Lygia e Pape, Di e Portinari e só teremos cariocas, natos ou por escolha. Raras e belas exceções representam o Brasil a partir de SP, como Regina Silveira, hoje, ou os Modernistas, historicamente.

E eis, que, subsidiado com dinheiro público, o evento que deveria confirmar esta vocação da primazia do Rio nas artes visuais, lança uma voz (e digo, uma voz), aparentemente não oficial, pois detratou até mesmo as donas da Feira, alardeando, de forma deselegante, que galerias do Rio não teriam nível para a “Art Rio”.

Porém, estes galeristas fazem um trabalho de alto padrão, que nada fica a dever à dinâmica da galeria da entrevistada, que, tirando o fato de ter em seu elenco artistas excelentes e importantes, faz um trabalho apenas básico, sem grandes desafios curatoriais.      Menos relevante até do que as galerias às quais teve o poder de barrar.

Outro fator importante a ressaltar é que o circuito artístico do Rio é uma comunidade bem coesa, irmanada até, com todos se freqüentando e mantendo suas personalidades em razoável e saudável harmonia, salvo raros antagonismos ( ! ). E episódios como este só servem para enfraquecer a consolidação deste mercado.  Por isso, tantas galerias, que estão na ArtRio, repudiaram oficialmente este depoimento dado em nome do comitê da Feira.

E, por acreditar neste mercado, num público consumidor ávido de cultura e arte, é que lancei o projeto da ARTIGO Rio Feira de Arte Contemporânea, pois a democratização da cultura e o acesso à arte são as melhores formas de um mercado se tornar sólido, e isso só ocorre através do não-monopólio e das muitas alternativas para cada segmento.

Assim, além de proporcionar às pessoas arte de qualidade, com valores acessíveis, nossa feira vai receber  de braços abertos galerias com trajetórias diversas, recentes ou não, e de todos os estados, que tenham trabalhos de qualidade, pois há muito espaço para  o crescimento do mercado.

Isso, porém, se consegue com posições éticas, inclusivas e equilibradas, sem envolver questões pessoais. Portanto, em nosso comitê, temos colecionadores, críticos e pessoas do circuito editorial das artes, mas nenhum galerista, pois achamos que este distanciamento deva ser incentivado.

Deixo o site de nossa feira – www.feiraartigo.com.br e uma matéria do lançamento  e, caso vc queira , estou à sua disposição  para dúvidas.

Obrigado pela atenção, querida,

Bjs,

Alexandre Murucci

Ceo and Founder

ARTIGO Rio Feira de Arte Contemporânea”
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