POR QUÊ A EDIÇÃO EXTRA DO FASHION RIO DECEPCIONOU… E DO FASHION BUSINESS POUCO SE FALOU…

Não foi apenas no Fashion Rio, também na São Paulo Fashion Week houve baixas de participantes, bem como o Fashion Business carioca já brilhou mais em outros “carnavais”…

Fato é que escutei na edição passada dos eventos cariocas  FR e FB as mesmas lamúrias: muitas marcas não aceitaram a mudança compulsória do calendário de eventos de moda, decidida à revelia delas…

Como se os promotores dos eventos, invertendo a ordem natural das regras de mercado, se outorgassem o papel de ditar os prazos de lançamento e entrega do produto, criando uma bagunça generalizada

… com as datas de desenvolvimento de coleção se confundindo com as de entrega do produto, desencontrando da data do pagamento das encomendas entregues etc…

Resumo da ópera: fica todo mundo correndo contra o relógio, entregando encomenda, descapitalizado, e ainda tendo que botar o bloco na passarela, criar e desfilar coleção, tudo ao mesmo tempo!…

A partir de agora, as coleções de verão, que eram desfiladas em junho, serão desfiladas em março. E as coleções de inverno, que eram desfiladas em janeiro, serão desfiladas em novembro…

Tenho ouvido muitas reclamações de profissionais da área, de que estão correndo contra o tempo para lançarem suas coleções…

E isso se refletiu, é óbvio, não só na qualidade como nos resultados dos últimos SPFW, Fashion Rio e Fashion Business

Mencionei a insatisfação dos confeccionistas a Paulo Borges. Ele me disse: “Mas eles foram escutados”. Nem todos, Paulo, alguns, contra-argumentei…

Torço pelo Borges demais, tiro o chapéu para ele, é um vencedor. A moda precisa dos Borges e das Eloysas… porém… o mercado agora reagiu da maneira que sabe: não participando…

Não preciso teorizar muito. O comentário de quem passou pela edição do Fashion Rio desta semana foi quase sempre o mesmo: “Como isso aqui está fraco”…

Sem tirar o mérito, é claro, dos desenhos de Felipe Jardim, que retratam lindamente o Rio de Janeiro, enfeitando grandes painéis montados no Cais do Porto. Mas foi isso, apenas isso, no aspecto cenografia/embalagem do evento, que parecia que ele mesmo não estava acreditando nessa edição fora de época…

As ilustrações de Felipe Jardim embelezaram grandes paineis montados no Cais do Porto

Se compararmos com as edições anteriores, que trouxeram exposições maravilhosas, como a dos móveis icônicos de Sergio Rodrigues no início deste ano, nota-se nitidamente uma queda desta vez, também no conteúdo (não só na embalagem), quando muitas marcas desistiram de desfilar, como Maria Bonita Extra e Reserva. Outras, cancelaram seus desfiles na última hora, caso da Agatha

É compreensível e possível que não tenha havido o tempo suficiente para preparar um evento grandioso, pois se tratou de uma edição extra, que anunciava a nova mudança no calendário da moda, readaptado para, segundo justificaram, beneficiar as confecções, no que diz respeito ao seu desenvolvimento, lançamento e chegada no varejo…

Minha percepção, no entanto, é de que é chegada a hora de sentar de novo em volta da mesa, desta vez com todos os tradicionalmente envolvidos, todos mesmos, grandes e médios, pois esses eventos não se fazem apenas com os graudões, e escutar mais do que impor…

A lei do mercado é clara: manda quem pode, obedece quem tem juízo. E nesse caso quem manda, meus amores, é quem produz…

E vida longa para o FR, o FB o SPFW é tudo de que a moda brasileira precisa e tudo que se quer, por isso meu grande empenho (e até a coragem) de aqui exercer a sinceridade, o que pouca gente ousa!…

 

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