O grande e inesperado legado destas Olimpíadas será para a Moda

O grande e inesperado legado destas Olimpíadas será para a Moda. Devido à Rio 2016, as marcas mais importantes do atletismo mundial desenvolveram produtos que sequer a ficção científica jamais ousou cogitar.

Como os protótipos em impressão 3-D, os ‘túneis de vento’, os scanners de corpo para a modelagem de encaixe aerodinâmico, saliências de silicone, que redirecionam o fluxo de ar ao redor do corredor maratonista, e outras fabulosas tecnologias.

Através da impressão 3-D, a New Balance criou para o velocista norte-americano Trayvon Bromell os tênis de trilha Vazee Sigma. Testando várias configurações, ela pôde aprimorar a tração e a transferência de energia.

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Trayvon Bromell exibe os seus tênis de trilha desenvolvidos a partir de protótipos 3D

A impressão em 3D contribuiu também para a grande inovação da Nike nestes jogos olímpicos: pequenas saliências de silicone que redirecionam o fluxo de ar ao redor do atleta corredor.

A marca incorporou essas ‘saliências ar-resistentes’ de silicone aos uniformes de treinamento de cerca de duas dezenas de equipes, incluindo EUA, Brasil, China e Alemanha.

A Nike apresentará essas ‘saliências ar-resistentes’ também na forma de uma fita para os corredores as usarem presas em seus braços e pernas.

O mais sensacional é o combo da Nike: impressão 3-D + ‘túneis de vento’ + ‘saliências ar-resistentes’, que permitiram a ela obter um resultado nos seus produtos para corrida de velocidade superior ao alcançado nos Jogos Olímpicos de 2012. Seus protótipos encontraram performances excepcionais também para distâncias mais longas.

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Allyson Felix Black, ouro olímpico americano, e seu tênis biomecânico desenvolvido pela Nike

A Adidas projetou seus tênis ADIZERO MD, de média distância, levando em conta as curvas na pista, em vez de considerar apenas as corridas em pista regular. Ela testou várias combinações de rigidez e magreza, para que corredores, como David Rudisha, do Quênia, se mantenham estabilizados e não abrandem seu ritmo nas curvas.

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A Adidas desenvolveu calçados para o corredor David Rudisha, do Quênia, ter estabilidade nas curvas 

Scanners corporais ajudaram o design da Adidas a manter seus nadadores em sua boa forma ideal.

A marca suíça Assos, especialista em ciclismo, colocou seu foco no ‘túnel de vento’, modelando uniformes personalizados com encaixes aderentes ao corpo, para a equipe de ciclismo dos EUA.

Altíssima tecnologia, em que tudo é pensado. Tudo conta. Os sapatos, as roupas… Para fazer os atletas mais velozes, a prova olímpica começa nos laboratórios científicos, nos cálculos dos engenheiros, na criatividade dos designers das roupas, que precisam se submeter às limitações das regras olímpicas super restritivas, contemplando também a preocupação com o doping.

O código olímpico regula tudo, até o local onde podem ser feitas aplicações sobre os maiôs dos nadadores – apenas nas costuras do tecido. Com habilidade, a Adidas confeccionou para o britânico Chris Walker-Hebborn e outros nadadores da Rio 2016 os maiôs Adizero XVI, com aplicação de bandagens elásticas que mantêm os corpos em posições aerodinâmicas, minimizando o arrasto e impulsionado os nadadores na piscina.

E já que as regras permitem apenas colocar as bandagens sobre as costuras dos maiôs, a Adidas moveu a modelagem das costuras até a posição mais conveniente colocar as bandagens elásticas. Touché!

A roupa de um atleta deve ter modelagem aderente que minimize a resistência do ar, especialmente nas competições de natação, corrida e no ciclismo, em que quatro segundos, em quatro quilômetros, significa a diferença entre o primeiro e o oitavo lugar.

Materiais ou design errados podem levar a desconforto e aumento de peso desnecessários e prejudiciais à performance.

Roupas adequadas também podem reduzir irritações, como suor e calor – o que foi motivo de preocupação das equipes que vieram competir no Rio de Janeiro, nestes Jogos.

Os uniformes Armour usam tecnologias espaciais da NASA, e são forrados com folhas de cristal, que reduzem a temperatura do corpo.  Serão usados pelas equipes do Rugby canadense e de vôlei de praia suíças e holandesas.

O know how da NASA também foi utilizado nos maiôs de corpo inteiro de natação da Speedo. Elas os desenvolveram juntas visando aumentar a flutuabilidade e diminuir o arrasto, o que ajudou Michael Phelps e outros nadadores a baterem recordes e ganhar medalha de ouro nas Olimpíadas de 2008.  Depois disso, os maiôs de corpo inteiro foram  proibidos e as regras se tornaram ainda mais rigorosas.

Atletas costumam usar roupas e sapatos ofertados pela marca patrocinadora.

O tênis Hyperion, da marca Brooks, projetado para a maratonista americana Desiree Linden, vem em tecido, sem costuras, reduzindo o risco de bolhas nos pés. Ele também traz anéis de borracha na sola, produzindo tração nos terrenos escorregadios, servindo como barreiras para conter e impulsionar a atleta de volta, com sua própria energia. A avaliação de Linden sobre os novos calçados é entusiasmante: “Parece que você está com uma mola”, disse Linden. “Não há desperdício de energia, ela retorna a você.”

Ainda a Linden: “Você não vai vencer a corrida por causa de sapatos mágicos, mas se eu ganhar uma bolha no pé porque treinei duro (com os sapatos errados) a corrida já estará perdida.”

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A maronista americana Desiree Linden vai calçar Hyperion, da marca Brooks, com estrelas douradas, de tecido e sem costuras para não haver risco de bolhas nos pés

Outro item que importa é o atleta estar bem acostumado ao seu ‘uniforme de trabalho’. Ele é o seu parceiro silencioso na busca da vitória.

A Assos suíça desenvolve seus uniformes em laboratórios com grande aparato científico e tecnológico, com os recursos mais sofisticados para testar os tecidos, a forma como eles são cortados, para medir seus efeitos e as diferenças/hora no desempenho dos atletas. A marca traz  os ‘túneis de vento’ para a equipe de ciclistas norte-americanos, que receberam seus uniformes há apenas  duas semanas, com a opção de usarem suas roupas regulares, caso não se adequem a tempo às novas.

Na obsessiva corrida do vestuário perfeito, há ainda as empresas mais conservadoras, que utilizam o computador para projetar suas coleções, realizando menos protótipos.  O que em breve será visto como coisa do passado. A moda entrou na era nos túneis de vento e dos protótipos 3D. A corrida tecnológica não para. Os engenheiros da Adidas já trabalham em designs para daqui a 10 anos, quando as expectativas serão bem mais ambiciosas.

O grande legado olímpico da Rio 2016 será a consciência de que a moda do futuro não será feita por mestres da modelagem ou da costura, mas por engenheiros com especialização em fashion design.

Ah, este novo mundo, que admirável que ele é!

Uma ideia sobre “O grande e inesperado legado destas Olimpíadas será para a Moda

  1. Incrível como a precisão dos engenheiros do fashion designing são a a grande tônica da Rio 2016. É o que determina e faz a diferença do sucesso dos atletas em busca ao ouro.

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