Em noite de tempestade shakespeareana, com raios de Spielberg, Danemberg celebra com elegância e requinte

Quantas vezes eu e outros colunistas escrevemos “nem a chuva conseguiu impedir o sucesso do jantar” ou frase parecida, praticamente um lugar comum quando uma reportagem social descreve um evento em tempo de chuva…

Mas, na noite de sábado, a tempestade estava bem distante de ser um lugar comum. Raios de dar inveja a efeito especial do Spielberg. Na Praia de Copacabana, o calçadão virou mar, o mar virou calçadão. As garagens dos prédios se transformaram em piscinas, e os carros boiavam como barcos e pedalinhos, o que, infelizmente, não eram, pois morriam afogados a cada tentativa de fazer girar o motor.

Ninguém entrava, ninguém saía. Para partir de casa, só se Noé perdesse o rumo de sua Arca e passasse na porta. Táxis, nem por obra de São José, um dos três aniversariantes da data.

Eu, com dois compromissos de aniversários imperdíveis na agenda: os 60 anos do amigo antiquário Arnaldo Danemberg, com jantar sentado na Library do Copa, e os 70 do cavalheiro Luiz Carlos Ritter, em grande celebração nos salões da Av. Copacabana, do mesmo hotel.

Com duas horas de atraso, depois de uma vigília na portaria do prédio, esperando a água escoar pelos bueiros, conseguimos retirar o carro da garagem e partir para o Copa. Encontramos parte dos convidados – porém ainda nem todos –  tomando seus drinks na Library acolhedora, o que alguns já faziam desde às 20h30m.

Quem me acompanha aqui sabe que tudo que Danemberg faz traz a marca de sua elegância singular, em que mescla o bom gosto aos valores familiares e de amizade. Por ofício ligado ao universo estético, Arnaldo vai além dos simples prazeres da aparência do olhar. Ele se relaciona em profundidade com o que pratica. No seu trabalho, é notável pesquisador, conhecedor de estilos, épocas, materiais. Um mestre. Nas relações humanas, a mesma coisa. Não fica na superfície. Seleciona, cultiva, interage. Seu elenco de amizades é sólido, numeroso e de longa data. Seu tratamento é sempre respeitoso. Os que com ele trabalham se tornam amigos, e isso é tiro e queda. A família Danemberg reflete felicidade. Ele, Katia, os filhos, agora a neta. Lá estavam. Serenos, carinhosos.

Dominando uma parede da Library, o austero retrato do avô de Arnaldo, antigo general manager do Copacabana Palace! O refinamento vem de muito longe…

No tempo de vovô Danemberg, a Library não era a Library, era a portaria do Anexo, com entrada pela Avenida Copacabana. E aquela porta giratória, hoje interditada, rodopiava sem parar, em movimento constante, dando passagem aos hóspedes célebres, que assim evitavam o frisson da entrada principal pela praia.

Nas amplas suítes do Anexo, hospedavam-se famílias inteiras, muitas vindas de outros estados brasileiros, homens de negócio com perfil de grande sobriedade, e também havia os que ali faziam do hotel sua residência permanente.

Naquela noite, a Library ganhou novo toque de requinte by AD – iniciais de Arnaldo, as mesmas da revista de decoração mais famosa do mundo, Architectural Digest – e o monograma vinha nos cardápios diante dos comensais e na glace do bolo de dona Regina Rodrigues.

O mobiliário do antiquário AD é qualquer coisa. Só ele tem aquelas estantes e mesas e cadeiras e cômodas e arcas inglesas, francesas, brasileiras, portuguesas, únicas, preciosas, em madeiras recuperadas em sua antiguidade, polidas, lustradas, tratadas de tal maneira carinhosa que só faltam exalar o perfume de seu passado e suas histórias.

A ambientação de Lu Kreimer nos premiou com toques de charme, como a coleção de vasos leitosos brancos de Baccarat, florindo todo o centro da longa mesa principal, e os  abajures acesos no interior da vitrine envidraçada – que sacada chic!  A decoração da Library do Copa tem curadoria e acervo do antiquário de Arnaldo, que fica na galeria do Edifício Chopin.

Eram 40 convidados divididos em quatro mesas, presididas por Arnaldo, sua mulher, Katia, e os filhos, Paloma e André. De fato, não foram 40, pois faltaram dois casais, daqueles absolutamente ilhados em casa, naquela noite em fúria shakespeareana: Ricardo e Patrícia Mayer, Chicô Gouvêa e Paulo Reis.

ad 60 Os príncipes Antônio e Christine de Orleans e Bragança com Arnaldo Danemberg

Os príncipes dom Antonio e dona Christina de Orléans e Bragança com Arnaldo Danemberg. A princesa passou grande tempo da noite conversando com o cônsul-geral da Bélgica, sentado ao seu lado.

ad 60 Carolina Castello Branco, Dado Castello Branco, Arnaldo Danemberg e Katia Danemberg

O casal Carolina e Dado Castello Branco,de São Paulo, e os Danemberg

ad 60 Raphael Costa Bastos

A revelação da última Casa Cor, que assinou um dos ambientes mais harmoniosos e elegantes, o arquiteto Raphael Costa Bastos, e que eu tive grande prazer e encantamento em visitar. O espaço homenageava os 30 anos de antiquariato de Arnaldo Danemberg.

ad 60 Julia Abreu e Brice Roquefeuil

Julia Abreu e Brice Roquefeuil

ad 60 Marco Antonio Rezende, Kathia Pompeu e Arnaldo Danemberg

Marco Antonio Rezende, Kathia Pompeu e o anfitrião

ad 60 Pedro Ariel e Katia Danemberg

Pedro Ariel e Katia Danemberg, bela mulher

ad 60 DSC_0010Menu do chef Francesco Di Carli, ah que delícia que foi! Vitela “tonnato” clássico com ovo mole e ponta de aspargos *** Risotto de peras carameladas e queijo taleggio *** Carré de cordeiro em crosta de pistache com batata gratin *** Folhado morno de morango com sorvete de baunilha. Não vou dar marcas de vinhos, uísque. Eram excelentes. E o serviço, com os garçons atenciosos, impecáveis, melhor ainda, se é que isso é possível.

ad 60 Luiz Fernando Texeira, Lelena Texeira e Arnaldo Danemberg

Luiz Fernando Texeira, Lelena Texeira, recebidos pelo aniversariante

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As madeiras do antiquário de Danemberg são tratadas com afeto

ad 60 Paloma Danemberg com a filha Rafaela

Katia Danemberg e a filha, Rafaela, que naquele dia segurou pela primeira vez a mamadeira, presente pro vovô

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AD, um nome que também é marca

ad 60 Laís Gouthier e Arnaldo Danemberg

Arnaldo com a embaixatriz Laís Gouthier, que, em conversa com a princesa Christine de Ligne, que é belga, lembrou o tempo em que ela e o embaixador Hugo Gouthier adquiriram para o Brasil o palacete que se transformou em nossa embaixada na Bélgica, em 1958, ano da Grande Exposição Internacional naquele país.

Na ocasião, os Gouthier deram um jantar sentado de lugares marcados para 300 pessoas, e mais 200 chegavam depois para a festa. Eis que Lourdes Catão adentra linda, vestindo a moda da época, um vestido trapézio! E o espirituoso Guilherme da Silveira lascou essa: “Lourdes um dia ainda vai cair do trapézio”.

Silveirinha podia ser bom piadista, mas não como vidente. Lourdes até hoje se mantém bela bailarina, muito bem equilibrada em sua sapatilha de ponta, arrancando aplausos do selim do cavalinho emplumado, nos palcos da alta sociedade.

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O portrait do avô de Danemberg, um óleo, cercado pelas fotos da família de Arnaldo.

ad 60 Patricia Quentel

Patrícia Qüentel veio do Humaitá e foi das últimas a conseguir chegar. Mas foi, viva!

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ad 60 Mauricio Nóbrega e André Danemberg

Geraldo Nóbrega e André Danemberg

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Que mesa linda! E com essa madeira precisa toalha?

ad 60 André e Paloma Danemberg

Os irmãos André e Paloma Danemberg

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O móvel não tinha luz em seu interior, mas Lou Kreimer colocou abat-jours iluminados dentro da vitrine da Sociedade Marítima de Beneficência e deu uma vida extraordinária ao set. Sobre ela, grandes baús de carvalho. Vasos e solifleus brancos leitosos de Baccarat floriam de branco também o centro da mesa.

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Esqueci de tirar óculos para a foto… outra vez!

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Dado Castello Branco na hora avisou: “É pra cortar o bolo de baixo pra cima”. Costume paulista pra dar sorte. Deu o maior trabalho, mas Arnaldo fez. SP sabe das coisas.

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O jantar estava tão delicioso que até autógrafos pediram que Arnaldo desse no cardápio.

Fotos LUCAS MORAES

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No mais, abaixo, a bolsa COCO, usada por Paula Nabuco, era perfeita para aquela noite: uma obra prima de marcenaria, criação de Rocio Olbes, esculpida em madeira de acácia, formando círculo vazado em pé, toda boleada e laqueada, com forro de camurça. A marca escocesa nasceu com a proposta de trazer de volta à moda o conceito de obras de arte. E pelo que vi na bolsa de Paula, ela consegue.

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Quanto à festa do Luiz Carlos Ritter, era tão tarde, quando terminou o jantar ma-ra-vi-lho-so, naquela longa noite molhada de verão, que morri de vergonha de chegar àquela hora para uma recepção marcada para as oito e meia da noite. E eu soube que tudo estava tão agradável e bonito! Bem, o convite creme e azul marinho com cerimonial Stambowsky já prometia. Não deixarei de falar a respeito. Vou ligar para os amigos…

 

 

5 ideias sobre “Em noite de tempestade shakespeareana, com raios de Spielberg, Danemberg celebra com elegância e requinte

  1. Hilde, que Niver, que Jantar, que Mesa, que Talheres, que AD(não é o Alain Delon mas é o Arnaldo Danemberg-Bruxelas), que Orleans e Braganças, eu sei que tem Brasis fora da crise e eruditíssimos como as fotos mostram, mas eu fico com muitas saudades do Rio, quando vejo a Sra. com o Antônio e a Cristina, com um Diplomata e sua família Belíssima adentrando aos 20aninhos dos enta(eu só falto quatro). Parabéns, Metabéns e Hiperbéns para o Sr. Dr. Arnaldo Danemberg e que nos 61 eu possa estar com um papel AD para sentar nessa mesa, junto com Antônio e Cristina, e se puder Joãozinho e Stela também. Abraço ALS.

  2. Sra Hildegard,

    Cada vez que leio suas postagens me ocorre um misto de nojo, estupefação e revolta.
    Parece que a Sra vive em outro planeta. Qualquer coisa entre a futilidade a bizarrice e o apoio à corrupção.
    A Sra se espantou com a leitora Maria Luíza por falar em “pão com mortadela” , mas não se espanta com um governo ( ou desgoverno?) que estraçalhou a Petrobrás em ruínas, que colocou este rico Brasil nos piores lugares mundiais em termos de Educação, Saneamento Básico e IDH. Somos hoje a escória do lixo mundial.
    Nem a turma do bolsa-família apoia mais essa presidente corrupta, ineficiente e disléxica, para usar um termo bem suave para uma pessoa que não consegue formar um simples parágrafo com um mínimo de nexo.
    O PT há muito deixou de ser um partido político, se é que algum dia já o foi.
    Hoje o PT é uma Organização Criminosa, que ocupa o Poder para assaltar cofres públicos, achacar empresas e a população e destruir tudo que encontra pela frente.
    Essa organização petista apóia o Estado Islâmico, a Coreia do Norte, o Irâ, a Venezuela e a maior e mais sanguinária ditadura do mundo: Cuba.
    E vergonhosamente a senhora apóia tudo isso.
    E faz o coro dos imbecis chamando de Golpe uma investigação de crime.
    Lula é um ladrão, larápio, tungador, batedor de carteira e ladrão de obras de arte.
    Saiu do Palácio da Alvorada em 2011 furtando 11 caminhões cheios de artigos doados à Presidência da República.
    Entre esses itens um Crucifixo feito por Aleijadinho, um faqueiro de ouro doado pela Rainha Elizabeth ao digno presidente Costa e Silva e inúmeras raridades doadas pelo Egito e pela Síria, entre tantos outros itens que não pertenciam a ele.
    Sra Hildegard, pare de escrever essas besteiras e se atenha aos fatos que estão a nos maltratar no dia a dia.

    Saudações

    Eduardo Vieira

    • Senhor, não repita boatos e fatos forjados como estes de roubos de crucifixo, faqueiros etc. já desmascarados, pois isso depõe contra o senhor e sua capacidade de bem se informar.

  3. QUE REFRIGÉRIO EM MEIO A TANTAS TORMENTAS, VER O CASAL DE PRÍNCIPES DONA CHRISTINE E DOM ANTONIO DE ORLEANS E BRAGANÇA…A FUTURA IMPERATRIZ DO BRASIL É ORGULHO PARA TODOS QUE A CONHECEM,UMA PRINCESA DA CABEÇA AOS PÉS…UMA VIDA DIGNA E EXEMPLAR AO LADO DO MARIDO O PRÍNCIPE DOM ANTONIO…QUEM SABE SENTAR – SE COMO ELA? E UMA VIDA DISCRETA E DE DEVERES ÀS TRADIÇÕES BRASILEIRAS.

    • Não tem palavras para acrescentar aos comentários do amigo Jean. Falou tudo o que representa a Princesa para o caro coração de quem a admira. Que frente a tantos infortúnios que vive a nossa Nação, que essas nobilissimas pessoas venham para nós governar com sua classe prestígio e beleza.

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