CONTESTANDO A COLUNA DE HOJE DE RICARDO NOBLAT

Ricardo Noblat, num dos parágrafos de sua coluna de hoje de grande prestígio , em O Globo, inteiramente dedicada à nova personagem da cena política brasileira Rosemary, afirma o seguinte:

“O MENSALÃO é um assunto árido para parcela expres-
siva dos brasileiros. E como envolve políticos, grana
e desonestidade, não chama tanto a atenção. Esta-
mos acostumados. O Rosegate tem um ingrediente
que o torna popular: lençóis e traições. É fácil de ser
explicado: Lula cedeu à tentação e empregou no go-
verno pessoas indicadas pela moça que se dizia sua
namorada.”

Com esse raciocínio, Noblat propõe, ou deixa subentendido que, com “os lençóis e traições” do “Rosegate”, o PT não deverá repetir seus bons desempenhos nas urnas, que nem o insosso e “árido” Mensalão (“para parcela expressiva dos brasileiros”) conseguiu brecar.

Esta não é, contudo, a lição que a História política brasileira nos ensina. Na verdade, o povo, em vez de rejeitar, muitas vezes até admira a erotização de seu mito. Mesmo que seja através da infidelidade conjugal. Não vou tão longe. Vou contar uma história. E, ah!, como eu adoro contar histórias…

Era o ano de 1982. Roberto Campos, o grande economista, figura exemplar representativa da direita brasileira, considerado um gênio, lançou-se pela primeira vez ao desafio das urnas. Candidato a senador pelo Mato Grosso. Seu estado de nascimento. Em plena campanha, o escândalo: Campos é vítima de um crime passional, várias tesouradas desferidas pela amante, Marisa Tupinambá, num hotel em São Paulo!

A vestal está despida! Os jornais só falam disso. Descem a todos os detalhes. Marisa é a amante pianista, que Roberto Campos, embaixador do Brasil na Inglaterra, empregou em nossa embaixada em Londres. Mas a época é a da ditadura e tudo é dito, porém com mais sutileza e suavidade. Fala-se do crime passional mas não se destaca nem se enfatiza a distorção do público x privado. Isso, nem pensar.

Todos pensavam: Roberto Campos está acabado! E o que aconteceu? Ele venceu as eleições fra-go-ro-sa-men-te! Os matogrossenses adoraram ter um Dom Juan, além de sábio, pegador a representá-los no Senado.

O Brasil não é a protestante e puritana América. É o Braziu, ziu, ziu, ziu! Malemolente, erótico, caliente, em que, meu caro Noblat, as semvegonhices e as puladasdecerca, se assim podemos chamar, mais do que subtrair, acrescentam. E nas urnas!

8 ideias sobre “CONTESTANDO A COLUNA DE HOJE DE RICARDO NOBLAT

    • Se o FHC fizer isso, podemos lembrá-lo da amante jornalista com quem ele inclusive tem filho e que foi “transferida” para o exterior para abafar o caso. O Noblat bem que podia contar essa historinha.

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