Casamento do Barão

Nossa chamada alta sociedade começa a receber em mão o convite para o casamento, dia 22 de outubro, de Manuela Sève e Edouard de Waldner. Cartão duro, na cor creme, com letras esmaltadas vermelho vinho em relevo, com o envelope creme forrado de vermelho no mesmo tom do verso do convite-cartão. Não há o timbre da gráfica. Tudo é elegante. Há um lacre de cor vinho com as iniciais dos noivos fechando o envelope, que foi sobrescritado por calígrafo com tinta na tonalidade do lacre. A redação é a tradicional. À esquerda, os nomes dos pais da noiva, ambos em segundas núpcias: Alba (mãe da noiva) e Paulo Di Biase, Violy e Frederico Sève (o pai). Na extremidade direita, no alto, os pais do noivo são identificados pelos títulos, assim: Barão e Baronesa Gerard de Waldner

Com a noiva vestindo Daslu, a cerimônia será na Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, recentemente restaurada, no Largo da Carioca, seguida de recepção no Museu Histórico Nacional. Todos os amigos convidados para a igreja o foram também para a recepção, o que, repito sempre, é muito mais delicado…

Às amigas, a baronne de Waldner, Silvia Amélia, pede que usem vestido de coquetel curto, à européia. Fugindo do padrão “casamentos de longo”, vigente no Brasil nos últimos anos…

A mãe do noivo, vocês sabem, é a nosssa querida Silvia Amélia Mello Franco Chagas, que brilhou nos salões nacionais também como Silvia Amélia Marcondes Ferraz, quando casada com o Paulo Fernando. Silvia é tipo uma referência de mulher bem nascida, rica, bem sucedida, linda e bem vestida. Filha de um monstro sagrado da ciência, Carlos Chagas, e de uma de nossas grandes damas sociais, Anah Chagas, ela foi das primeiras elegantes no país a usar o smoking para mulheres lançado por Yves Saint-Laurent no fim da década de 60, primórdios dos 70. Naqueles idos, Silvia era a queridinha-mor do maior cabeleireiro brasileiro de todos os tempos, Renault Castanheira, de um de nossos mestres da haute couture, José Ronaldo, e personagem favorita das colunas de Ibrahim Sued e Nina Chavs. Quando a revista Manchete queria aumentar sua vendagem, punha Silvia Amélia na capa. Cantada em verso e prosa desde o berço, Silvia inspirou poetas notáveis, como Manuel Bandeira, que lhe dedicou, ao nascer, uma de suas mais belas poesias. Foi também das poucas brasileiras (ou teria sido a única?) retratadas por Andy Warhol. Sem esquecer que a baronne figura no Hall of Fame da eleição das Mais Bem-Vestidas do Mundo! Detalhe: ela continua jovem e bela, vivendo em Paris, numa linda casa, na rue du Faubourg Saint-Honoré

Com suas origens na França, remontando ao século 15, a família Sève, da noiva Manuela, nada fica a dever à do noivo em suas raízes tradicionais brasileiras. Dona Alba Sève, a saudosa avó da noiva, foi uma de nossas mais celebradas matriarcas sociais, sempre majestosa, com sua bengala e sua grande cordialidade. Há quase seis décadas, os Sève marcam presença no mundo das artes plásticas modernas e contemporâneas, no qual o pai de Manuela, Frederico, o Dundum, se projetou como um dos maiores experts, juntamente com seu irmão, Luiz Sève, fundador, em 1965, de sua Galeria de Arte Ipanema

 

 

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