A GRANDE DAMA DOS MUSEUS KATIA JOHANSEN NÃO CONTRAIU DENGUE MAS CONTAGIOU A TODOS COM SUA PAIXÃO PELA MODA

Num jantar para 40 convidados, o índice de recusas de última hora foi baixíssimo: apenas dois casais. E nos dois casos pelo mesmo motivo: um dos membros do casal foi nocauteado pela dengue. A Mary Marinho, do Haroldo Costa. O Ricardo Straus, da deputada Cidinha Campos. Se o percentual é pequeno para as abstenções, é altíssimo em seu tratando da causa: a picada do mesmo mosquito.

É fato: a epidemia bateu à nossa porta. Há dias escrevi sobre isso., como vocês podem ler aqui: Tragam-me o balde eu quero vomitar  . E, pelo andar da coisa, não estranharei se, com o aprofundamento desse problema sanitário, cheguemos a extremos como o cancelamento de alguns grandes eventos que se aproximam. Como a Jornada Mundial da Juventude ou o Encontro Anual do ICOM – International Council of Museums, reunião importantíssima no universo cultural, que agrega os maiores museus do mundo, em órgão vinculado à Unesco.

Se a dengue permitir, o Encontro Anual do ICOM deverá acontecer na Cidade das Artes em agosto.

E por quê me estendo sobre o assunto antes de falar do jantar? Porque a homenageada de honra, Katia Johansen, é simplesmente presidente, há mais de 20 anos, do Costume Committee do ICOM, e vem ao Rio de Janeiro para a reunião. Ela também é a curadora da Royal Danish Collection, uma das coleções mais preciosas entre as de todos os museus do mundo, e veio ao Rio trazida pelo Instituto Zuzu Angel-IZA para ministrar o workshop Museologia da Moda, sob os auspícios do IZA e da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, com vistas ao próximo Museu da Moda.

Katia Johansen é tipo La Grande Dame da Conservação e da Restauração de Têxteis (indumentária/moda). E isso ficou patente pela frequência do curso que atraiu diretores de museus, museólogos, especialistas de todo o país, professores fazendo seus mestrados e doutorados. De Santa Catarina, de São Paulo (do Museu Clodovil Hernandez, em formatação), do Paraná, da Paraíba, de Minas Gerais. Do Rio de Janeiro, de volta aos bancos escolares, anotando, lápis, tesoura e fita métrica em punho, o diretor do Museu Carmen Miranda, Cesar Balbi, a museóloga Márcia Bibiani, ex-Diretora de Museus do Estado, a museóloga Vera Lima, conservadora que montou a coleção têxtil do Museu Histórico Nacional, a figurinista Emília Duncan, as professoras do IZA, Celina de Farias, Lucia Accar, Lucia Abdenur, a diretora do Museu da Moda, Luiza Marcier, e eu, Hildegard Angel, presidente do Instituto Zuzu Angel. Todos nós aprendendo, aprendendo…

Aprendendo a fazer moldes, a manipular roupas históricas do século 16, a vesti-las em manequins do modo adequado, a embalá-las, a quando usar e não usar luvas na manipulação das roupas, aprendendo até a dar nós e fazer origamis.

Pois uma das regras primordiais, segundo Katia, é saber usar as mãos. Saber o básico. Saber tudo. Costurar, bordar, tricotar etc. O oposto de antigamente, quando se dizia que um criador de moda não precisava costurar. Segundo Katia, precisa sim. Precisa saber, para fazer direito…

Foram quatro dias intensos e deliciosos. Dias de trabalho full time. Com o anúncio de Katia, no encerramento do curso, de vir dar outro curso, no final de agosto, pela mesma parceria Instituto Zuzu Angel/Secretaria de Cultura, em que ensinará todas as técnicas de uma Exposição de Moda

Assim, depois dessa maratona de ensinamentos, eu a recebi, não mais como aluna, mas como amigas que nos tornamos e como presidente do Instituto Zuzu Angel, que sou, ao lado de meu marido, Francis Bogossian, para um jantar entre outros amigos, preparado pelo impecável chef Demar.

Gente da cultura, como Heloisa Aleixo Lustosa, presidente da Academia Brasileira de Artes, que Katia tanto queria conhecer. Ou La Grande Dame do balé, Dalal Achcar. Das ciências; o mestre Pitanguy, que falou sobre suas visitas ao Royal Danish Museum, e Paulo Niemeyer. A colecionadora de esmeraldas, Angélique Chartouny, e o colecionador de Brasil Império, Paulo Barragat. A mais premiada das carnavalescas, Rosa Magalhães. A colecionadora de elegâncias, Lourdes Catão; de amigos, Regina Rique; a ambientalista deputada Aspásia Camargo…. enfim, aí estão eles, nossos queridíssimos convidados, em torno de Katia Johansen, que já embarcou de volta à Dinamarca e, graças a Deus, não contraiu a dengue!

Mas é certo que Katia nos contagiou a todos com sua paixão pela conservação da memória e da História através dos têxteis. Uma semente plantada neste I Curso de Museologia da Moda, acontecido no charmoso Copacabana Praia Hotel, e que há de frutificar para sempre neste país.

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Fotos de Marcelo Borgongino

7 ideias sobre “A GRANDE DAMA DOS MUSEUS KATIA JOHANSEN NÃO CONTRAIU DENGUE MAS CONTAGIOU A TODOS COM SUA PAIXÃO PELA MODA

  1. Querdia Hilde, vc como sempre valorizando a moda brasileira trazendo ícones internacionais para as suas meritórias ações – focadas no Museu da Moda – que está a caminho! Com a famosa Katia Johansen – não foi diferente! Parabéns e contínuos sucessos em 2016!

  2. Mesa convidativa a sua Hilde, pela dimensão da foto, não dá para perceber direito, mas parece que um dos pratos é de quiabos servidos verdes e inteiros, algo bem mineiro, fica a ???? Dentre as personalidades ilustres de seu jantar, ressalto a presença da Lourdes Catão e da Gisela Amaral, embora reconhecendo a grande importância dos demais. Ressalto-as em função de como amadureceram bem com o tempo, belas e elegantes ao passar do tempo. E ambas na ativa, frequentando a sociedade e os amigos. Lembro-me de uma foto da Bloch Editores, na qual estão juntas: a Lourdes Catão, a Carmen Mayrink Veiga e a Tereza Souza Campos, um retrato da elegância e beleza de décadas atrás. Das três, somente a Tereza se mantem distante e um pouco reclusa. Seria interessante reuni-las numa foto novamente, mostrando a elegância delas na atualidade. Seria uma forma de reviver a história das três amigas de décadas.

    • Concordo plenamente com você Danian. Sou mega, master, blaster fã dessas três grandes damas da sociedade brasileira e adoraria revê-las juntas atualmente. Ninguém melhor do você D. Hildegard Angel — que eu tanto admiro pela coragem e luta pessoal — para fazê-lo. Para nos deleitarmos ainda mais, poderia fazer uma bela reportagem mostrando também passagens da vida dessas senhoras maravilhosas. Desde já na torcida para que isso aconteça o mais breve possível. E por favor D. Hildegard, diga as três que tem em mim um grande fã de todas as suas histórias de vida. Obrigado.

  3. Queridos Hilde e Francis
    O jantar para a “GRANDE DAMA DOS MUSEUS” foi um sucesso, desde a decoração personalíssima, feita pela própria anfitriã, ao delicioso cardápio, de fácil digestão próprio para uma “soirée”, passando pela harmônica relação de convidados de diferentes tribos, um dos principais segredos da arte de bem receber.
    Também foi notável a categoria com que os anfitriões souberam dispor de seus momentos, para dedicar uma atenção especial a cada um dos muitos convivas, mais que um detalhe, um toque de classe.
    Adorei ser convidado, “mille merci”

  4. Achei interessante essa mistura realizada em um jantar, onde a cultura e a ciência se juntam a uma área que até bem pouco tempo se considerava fútil. Isso é bom, para que se veja na prática como o mundo está mudando e junto com a sociedade. No caso a carioca, que sempre esteve à frente em muitas situações. Acredito que voce tem sempre feito algumas coisas deste tipo, talvez fosse o caso de tentar fazer isso novamente em relação à situação da saúde no Rio e no Brasil. Quando voce enveredou pela questão dos desaparecidos, incluindo o seu irmão, muita gente foi beneficiada com isso, inclusive várias familias, talvez fosse o caso de tentar recuperar a saúde, que é um bem tão precioso para todos..

  5. Vivemos momentos mágicos durante toda a semana. E a magia culminou no jantar impecável, como sempre faz Hilde, em homenagem à Katia, chez Angel Bogossian!

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